Poesias

LIVRO DE PRECEITOS

Condena-te
sempre a voar mais alto,
mesmo com uma asa partida.

Vendemos por migalha
o tempo de que somos feitos,
e compramos sonhos alheios.

Os deuses amam
os que são feitos do barro
que não se deixa amassar.

Não cales a dor,
sê justo com ela.
A dor aponta caminhos.

Se não te deixas domar,
é para que não te montem.

O tempo conspira
contra os que testemunham calados
e não revidam.

Antes que apodreça,
questiona o morto dentro de ti
pelos poderes que recebeu
e não gozou.

Não há fortuna maior
que a solidão.
Ali sonha a serpente,
traspassada de sol.

Não queiras,
sempre que amanhece
até sumir-se o sol,
arrancar o melhor de ti
do suor dos outros.

Povoa-te de coisas efêmeras,
se não és capaz de eternizar-te.

Alegra-te
com a vida não passada em vão.
Apalpa tuas cicatrizes.


07/06/2011

 

 

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